Os Agentes de Organização Escolar continuarão sem a devida atenção e sem a devida valorização, até quando?

 Carta aberta dos Agentes de Organização Escolar do Estado de São Paulo


Aos Ilmos. Governador do Estado de São Paulo, João Agripino da Costa Doria Júnior e Sr. Secretário da Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares da Silva. 


É com muita preocupação que nós Agentes de Organização Escolar acompanhamos as falas e as ações desta gestão em relação ao enorme problema que é a crise sanitária atual.


Estamos preocupados pois somos os que estão na linha de frente, cujas algumas das nossas atribuições é de abrir os portões para recepcionar pais e crianças, atender a comunidade escolar na secretaria, vendo e tendo que lidar com alunos, que adentram nossas escolas, muitas vezes já com os sintomas do COVID-19, e após alguns minutos, a situação nos é colocada pelo professor.


Lidamos com pessoas de todos os tipos, dentre elas, estão as que sabem que podem estar doentes e não se preocupam se nos contaminarão ou acreditam que o filho esta somente com uma “gripezinha” e após insistência do agente que telefona, o responsável (quando se dá ao trabalho) realiza o teste e este se confirma positivo, porém, não existe o período de quarentena de todos que estiveram em contato com o doente, conforme orientações das autoridades sanitárias.


É notório o risco que a todos estamos expostos, sejam os funcionários das empresas terceirizadas, nós os agentes de organização, professores e todo o quadro de gestão, os números de vitimas só aumentam, é só ver quantas, neste pouco tempo de abertura das unidades escolares perderam suas vidas para a doença.


Devemos salientar que nós Agentes de Organização, há um ano estamos na linha de frente, seja em revezamento ou totalmente presencial, como equipe essencial para o andamento das vossas ordens. Entretanto, em momento algum fomos ouvidos, se quer citados em suas entrevistas ou pronunciamentos, sendo parte crucial para que todas as mudanças surtam efeito positivo na comunidade escolar.


Fala-se em distanciamento social, mascara e álcool em gel,  e novamente são os AOE que cobram pai, aluno, professor e quem mais esquecer, tornando nossa atividade ainda mais exaustiva.


Ressaltamos que continuamos  nos desdobrando para atender às demandas atribuídas de cima para baixo e ainda assim continuamos auxiliando pais, alunos, professores e equipe gestora, inclusive no que tange o CMSP, porém estamos em um número cada vez mais escasso, o que em momentos de maior fluxo chega a gerar filas.  Precisamos dizer que os dirigentes não estão ouvindo os que estão no chão da escola e, diante deste cenário, os senhores ainda se negam a chamar os aprovados do último concurso, no entanto,  precariamente chamam poucos para cobrir e atender algumas demandas, quando deveriam ter chamados um quantitativo maior  para suprir os afazeres diários.


Diante ao já exposto perguntamos: onde está o nosso reconhecimento? 


Afirmamos que as escolas deveriam ser as primeiras a trabalharem integralmente de maneira remota, pois todos os atendimentos a comunidade podem assim serem feitos, inclusive os que cabem a nós Agentes, reduzindo neste momento ainda mais o número de pessoas nas ruas.


Quando o retorno presencial foi anunciado com ele veio a promessa da testagem, e dos EPI’S. Senhores, nós vos perguntamos, onde ocorreu a primeira testagem? Olha o problema criado ao abrir as escolas sem testar ou vacinar os profissionais da educação. E, porque razão diz em pronunciamento que a escola  é serviço essencial, se não está sendo prioridade na vacinação e nem na testagem dos funcionários da educação?


Vejam Senhores, para que as aulas presenciais fossem suspensas houve um desgaste desnecessário dos diversos sindicatos, utilizando recurso financeiro de ambos os lados, estes que poderiam ser utilizado de outra forma, afinal é clara a necessidade deste momento de resguardar a vida de todos e não apenas de uma parcela.


Com relação à alimentação das crianças que tem maior vulnerabilidade, as escolas abertas para ofertar alimentação não solucionará este problema, apenas trarão outros, haja vista que nos dias em que houve aula tivemos poucos alunos se alimentando, do que lhes foi ofertado, gerando assim um grande e desnecessário desperdício de comida.


Existem outras maneiras de acolher e auxiliar as famílias sem prejudicar uma classe, inteira, como antes já foi realizado. Os senhores podem fazer uma logística melhor para levar o alimento às crianças que estão necessitando, sem precisar tirar estas de seus lares, há formas mais simples para a transferência desta alimentação, através da transferência de renda merenda, como foi feito pela Prefeitura de São Paulo.


Vale ressaltar que existem crianças ficando órfãs, pais adoecendo, homens e mulheres enviuvando, desnecessariamente, pois hoje o que realizamos na escola, podemos faze-lo remotamente, pelas vidas que ainda podem serem salvas, pedimos para que enfim enxerguem uma classe que a muito vem sendo massacrada.


Sem mais,


Agentes de Organização Escolar

Nenhum comentário:

ELEIÇÃO DA AFUSE - TRIÊNIO DE 2025 A 2027

Olá caros leitores, e Profissionais da Educação do Estado de São Paulo. A AFUSE é o Sindicato dos trabalhadores administrativos da educação...